Desde a sua colonização, o Brasil expõe as marcas cruéis de um estado autoritário e antidemocrático através do conflito armado sanguinário e das disputas pelos territórios onde vivem os povos indígenas e os povos da floresta. A luta pela democracia cambaleia como um sonho curto, interrompido pelo pesadelo de ciclos sangrentos, sob o comando do governante autoritário de plantão e seus aliados. Na mira de fuzis e da ganância sem escrúpulos estão as populações mais vulneráveis, dentre elas, os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas.
O ciclo autoritário dos representantes do atual governo brasileiro, Jair Bolsonaro e seus aliados, traz consigo a velha estratégia de destruição e necropolítica, com requintes de crueldade contra os povos indígenas e da floresta, cujo crime é viver em sintonia com a natureza e seus recursos, sem esgotá-los ou destruí-los, mas preservando sua predisposição natural. Estes povos defendem o meio ambiente – solos, águas, flora e fauna nativas – , ajudam na regulação do clima, das chuvas e na preservação da biodiversidade, elementos que são fontes de vida e cura para um planeta doente. Bolsonaro é mais um representante do agronegócio e do grande capital, semqualquer compromisso com a vida, com as demandas sociais e, muito menos, com a sustentabilidade e a preservação ambiental. Suas políticas desarticulam, desmontam e inviabilizam todos os avanços alcançados através da ampla legislação ambiental de governos anteriores, fruto da luta histórica dos movimentos sociais e ambientalistas nos últimos 32 anos.
O Brasil é hoje o epicentro da pandemia por COVID-19 no mundo, fruto da negligência e da irresponsabilidade do governo Bolsonaro. O genocídio de cidadãos pobres e negros é assustador. O extermínio dos povos indígenas é imperdoável. De acordo com a APIB - Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, já são mais de 20.000 infectados e 600 mortos, de 145 etnias, vítimas da circulação de madeireiros, garimpeiros e invasores em seus territórios, cujo desmatamento segue sem controle. O desmatamento da Amazônia chegou a 72%, equivalente a 3.069,57 km², somente no primeiro semestre de 2020. Além das mortes por COVID-19, aumentam também mortes e ameaças a lideranças extrativistas e quilombolas, sob o silêncio assustador e vergonhoso do atual governo, que nega a gravidade da destruição em curso, além de culpar os movimentos sociais e defensores do meio ambiente por seus efeitos.
No domingo 23 de agosto, nos unimos à luta dos povos indígenas e povos das florestas cuja sobrevivência depende da floresta amazônica e do equilíbrio do seu ecossistema. Vamos ampliar as suas vozes contra a destruição e as mortes desencadeadas e diretamente fomentadas pela política do governo Bolsonaro.
Lutamos:
1. pelo cancelamento do Acordo de Livre ComércioMERCOSUL - União Europeia;
2. pela adoção de um Sistema de Rastreamento da Produção agrícola de Grãos e Carnes, evitando assim a comercializaçãode qualquer produto originário de terras desmatadas de forma ilegal e da usurpação de territórios indígenas;
3. pela aplicação da Convenção 169 da OIT, artigos 14 e 15,que garante o direito de consulta e participação dos povos indígenas no uso, gestão, controle de acesso e conservação de seus territórios. Prevê ainda o direito à indenização por danos e à proteção contra despejos e remoções de suas terras tradicionais.
As políticas econômicas e sociais do governo Bolsonaro excluem, estigmatizam os povos indígenas, favorecem a sua perseguição e o desmatamento de suas florestas no Brasil, causando morte e destruição dos habitantes originários da Amazônia. Este extermínio só vem em benefício do agronegócio e seus investidores nacionais e internacionais. É preciso restabelecer a civilidade e as garantias dos direitos humanos e ambientais imediatamente!
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#StopBolsonaro!!!!